Poesia sensorial na Biblioteca Municipal

A Biblioteca Municipal de Mortágua acolheu no passado dia 11 de dezembro de 2008 um Workshop de Poesia Sensorial que teve como público-alvo alunos do 12.º ano da Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, de Mortágua. Esta actividade foi dinamizada no âmbito do Programa de Itinerâncias de Promoção da Leitura da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, que tem como objectivo incentivar os hábitos de leitura.

Durante cerca de uma hora, o autor, Paulo Condessa, interpretou à sua maneira poemas de vários autores e do próprio para tentar mostrar aos alunos toda a riqueza sensorial que encerra um texto, um poema, uma palavra, todo um mundo de sensações que está para além da chamada leitura puramente técnica, racional ou intelectual, da simples compreensão e absorção de conteúdos.
“O que nós somos também é feito a partir do que sentimos e de como estamos, e não só daquilo que podemos chamar o saber externo. É fundamental aprender a ouvir o nosso corpo, as nossas sensações, fazer uma leitura que permita às pessoas desenvolverem-se mais, encontrarem-se mais dentro da sociedade, partilharem mais, auto-reconhecerem-se, darmo-nos melhor uns com os outros”, diz.

As palavras são como portas que se abrem para novos mundos, interiores e exteriores. Mundos de imagens, sons, cheiros, sabores, sensações, que nos remetem para o mundo, para a natureza, para a sociedade. A partir de alguns poemas o autor transportou os jovens numa viagem pelo interior do coração, de uma caixa, em que cada um tentou imaginar o que vê, o que há lá dentro. Os alunos não foram meros espectadores, também foram actores em alguns momentos, partilhando experiências sensoriais através de sugestões de leitura.
“Se estivermos com atenção a ler ou a ouvir um texto fazemos essa viagem interior, que é diferente para cada pessoa e essa diferença é realmente interessante”. O mesmo poema, o mesmo texto, pode ser sentido e vivido de maneiras completamente diferentes, dependendo do estado em que se está, do dia, da história de vida de cada um.

A leitura como um mundo de muitas portas...

Segundo o autor “toda a literatura é um espelho em que nos revemos ou projectamos. É o nosso écran, para nós podermos ver o que temos cá dentro, é uma forma de pôr cá fora aquilo que está cá dentro, quer quando somos nós a escrever ou outra pessoa. Isso ajuda a pessoa a desenvolver-se ou a reconhecer-se ou não em determinadas coisas”, explica.

Paulo Condessa destaca que o acto de ler e escrever deve ser um prazer, um hobby e não uma coisa obrigatória. Explicando “ desde a escola somos socializados de que ler e escrever é uma obrigação. É preciso tirar esse peso e mostrar que essas actividades também podem servir para uma pessoa se divertir, sentir ou para o que ela quiser”. Acrescentando que” uma pessoa desenvolve muito mais as suas capacidades se não se sentir obrigado”. Libertem a mente, soltem o imaginário, não tenham medo do ridículo, é a mensagem do autor.

Paulo Condessa é formado e pós-graduado em Ciências da Comunicação. Trabalhou durante alguns anos em Marketing e Publicidade, mas decidiu deixar essa área e enveredar por esta nova faceta, como autodidacta, desenvolvendo um método original de trabalho a que deu a designação de “orquestra de palavras”.


Fonte: 2008-01-17 - Câmara Municipal de Mortágua - https://www.cm-mortagua.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=353