140 anos do nascimento de Tomás da Fonseca

Município promove conjunto de iniciativas para comemorar 140 anos do nascimento de Tomás da Fonseca

No âmbito das Comemorações dos 140 anos do nascimento de Tomás da Fonseca, o Município de Mortágua vai realizar um conjunto de atividades ao longo deste ano. O primeiro evento será "140 minutos a ler Tomaz da Fonseca", no próximo dia 10 de março, a partir das 14h30, na Biblioteca Municipal de Mortágua.


Várias pessoas foram convidadas a dar voz a Tomás da Fonseca, através da leitura de textos e excertos dos seus livros. As leituras serão feitas na Biblioteca e transmitidas com som distribuído pelas principais ruas da Vila. Haverá também testemunhos de pessoas que conheceram e conviveram com o homem e cidadão Tomás da Fonseca.


Entre os convidados estão familiares, bisnetos e sobrinhos-netos, mas também historiadores, como o Professor Doutor Romero de Magalhães, Prof. Augusto Monteiro, Prof. Luís Filipe Torgal. O Dr. José Machado Lopes, Arqueólogo, Fernando Alves, jornalista da TSF, e o Padre Mário Oliveira, são outras das personalidades que vão associar-se ao tributo a Tomás da Fonseca.

Neste evento irão ainda participar alunos do Agrupamento de Escolas de Mortágua e utentes dos Lares da 3ª idade do concelho. A participação está aberta ao público em geral, que está também convidado a ler textos do autor ou a dar o seu testemunho pessoal.

Tomás da Fonseca nasceu em Laceiras, Mortágua, a 10 de março de 1877, e faleceu a 12 de fevereiro de 1968, com 91 anos, teve um percurso de vida longo, cheio e atribulado. Atravessou dois séculos, foi um cidadão interveniente em 4 regimes políticos: a Monarquia Constitucional, 1ª República, ditadura Militar de Sidónio Pais e Estado Novo de Salazar.

Defendeu sempre os desvalidos, sobretudo os camponeses, consumidos por uma vida a trabalhar a terra. Ele próprio gostava de se classificar como "pequeno agricultor das terras altas".

A sua forma de pensar e de estar fez com que fosse perseguido, preso, censurado pela ditadura militar e Estado Novo. Aposentado compulsivamente da sua profissão de professor do ensino normal, tendo sido privado de um salário com que pudesse sobreviver dignamente, foi desprezado e marginalizado pelo regime salazarista, sem nunca ter interrompido a sua imensa atividade literária, tendo publicado cerca de 40 títulos, sendo 15 censurados, e intervenção cívica.

A sua intervenção otimista e persuasiva teve influência, a médio e a longo prazo, sobre a economia, a paisagem e os estilos de vida locais. Ajudou a mudar mentalidade e os hábitos dos camponeses, que apostaram no cultivo do pinheiro.

Era conhecida a sua força e a coragem com que brandia a pena e a palavra na defesa dos seus ideais: a República, a Liberdade e a Democracia.

Com o objetivo de trazer à atualidade e às novas gerações o conhecimento de quem foi este proeminente mortaguense, o Município de Mortágua promoveu já a reedição da obra "O Pinheiro", com a chancela da Quartzo Editora e prefácio do Dr. João Paulo Gaspar de Almeida e Sousa. Uma "pequena grande obra" de Tomás da Fonseca, que encerra muito do que era e do que quis construir, demonstrando um conhecimento profundo da ruralidade, seus estigmas e seus escolhos. Era sem dúvida um cidadão inquieto e inconformado na procura do bem-estar do Povo, na sua Instrução e no seu desenvolvimento e progresso social, económico e cultural e esclarecimento cívico.

No final do ano passado foi também publicada a obra biográfica “Tomás da Fonseca, Missionário do Povo”, da autoria do historiador Prof.Luís Torgal, que se tem dedicado de forma aprofundada ao estudo da personalidade, do pensamento e da ação de Tomás da Fonseca.


Fonte: 2017-03-08 - Câmara Municipal de Mortágua - https://www.cm-mortagua.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=1649